História 

Os vestígios da longa história das quintas estão bastante apagados ou desapareceram, como aconteceu com os marcos pombalinos da Quinta da Costa de Cima e da Quinta do Caleiro, da primeira demarcação de vinhos de qualidade, datados de 1758.

Pode descobrir-se, mesmo assim, um ou outro testemunho da história antiga, nomeadamente na capela brasonada da Costa de Cima, da primeira metade do século XVIII, ou nas ruínas da casa, lagares e adega da Quinta do Sol ou, ainda, na estrutura de reservatório de águas do ribeiro do Caleiro, com muros de xisto que conservam sinais da antiga técnica de plantação de videiras em “pilheiros”.

Nos altos da Quinta do Sol ou na parte ribeirinha da Quinta da Costa de Cima, podemos ainda encontrar fragmentos de muros baixos e tortuosos de antigos socalcos de vinhas, transformadas em “mortórios” com a invasão da filoxera na segunda metade do século XIX e cobertas por matas de vegetação espontânea, que recuperou o seu lugar.

Terá sido no final do século XVII que teve origem a Quinta da Costa de Cima, pertença da família Taveira, de Guiães, que se orgulhava de ser «uma das primeiras três famílias nobres que o Senhor Rei D. Dinis mandou da cidade de Lisboa “para esta vila [Vila Real]".

Séc. XVII

Ao longo da década de 1730 Francisco José Taveira de Macedo, cavaleiro da Ordem de Cristo, e a sua mulher, Maria Quitéria da Cunha Pimentel, da aristocrática Casa da Calçada de Provesende, investem na construção das casas da Quinta da Costa de Cima, a cuja capela, de invocação a S. Francisco, vinculam, em Dezembro de 1737, uma das suas vinhas. Terá sido, inclusive, numa destas casas que reuniu a primeira comissão demarcante do Douro.

A Costa de Cima e o Caleiro são incluídas na primeira demarcação do Douro, sendo classificadas como das propriedades que produziam os melhores “vinhos de feitoria” – Vinhos do Porto.

A Quinta do Caleiro é propriedade de João Manuel Pereiro da Silva e Sousa Mourão, um jovem fidalgo, cavaleiro da Casa Real que desempenha funções de sargento-mor na comarca de Vila Real. Por essa altura a Quinta produz, em média, 15 pipas de vinho por ano.

A Quinta da Costa de Cima produz 50 pipas de vinho, 44 de tinto, aprovadas para primeira qualidade de embarque, exportável para a Grã-Bretanha, e 6 de branco. A Quinta do Caleiro produz 37 pipas de vinho, 31 de vinho tinto (aprovadas como de primeira qualidade) e 6 de vinho branco.

A produção média anual da Costa de Cima havia baixado para 6,5 pipas em 1810. Em 1811 José Taveira Pimentel de Carvalho e Menezes assume a gestão e investe em replantios e granjeios regulares. Na década de 1820 a produção aumenta, tendo excedido, em muitos anos, as 60-70 pipas por ano.

Por esta altura é criada a Quinta do Sol, por Tomás Homem de Sousa Quevedo Pizarro, fidalgo cavaleiro da Casa Real.

Foi dotada de casas, lagares e adegas, tendo produzido quantidades crescentes ao longo dos primeiros anos, de 36 em 1821 para 161 em 1825.

A Quinta do Caleiro é herdada por João Manuel Pereira da Silva e Sousa Mourão de Almeida Morais Pessanha, tendo passado por um período de crescimento até à média de 100 pipas por meados do século.

João de Almeida Morais Pessanha desempenhou cargos militares e políticos importantes, sendo comandante de batalhão nacional de Vila Real, presidente da Câmara de Sabrosa e membro da Câmara dos Pares (foi nomeado Par do Reino em 1842).

A partir da década de 1850 as pragas provocaram uma profunda crise no Douro, primeiro o oídio e depois a filoxera.

Falecimento de João de Almeida Morais Pessanha, que deixou a Quinta do Caleiro e outras propriedades a António de Almeida de Morais Pessanha.

Em toda a freguesia de Gouvinhas a vindima rende apenas cerca de 20 pipas. Na Quinta do Sol, as ruínas do velho casarão recordam esses tempos de crise.

A partir desta altura assistiu-se a um esforço titânico de recuperação dos vinhedos durienses, com a plantação de porta-enxertos americanos e a enxertia de castas regionais. 

A Costa de Cima já era uma das quintas com maior produção de vinho da freguesia de Gouvinhas, rendendo 50-100 pipas por ano. Já a Quinta do Sol continua abandonada ou sem produção vinícola significativa.

Neste ano são ambas vendidas a Manuel Pinto Hespanhol, cujos investimentos vitícolas levaram a uma produção anual de cerca de 150 pipas de vinho.

Na década de 1950 a Quinta do Caleiro é hipotecada e mais tarde adquirida por um membro da família Pinto Pizarro, que por residir no Brasil não alterou o estado de abandono da Quinta.

Em 1972 as Quintas da Costa de Cima e Sol são adquiridas por Mário Joaquim da Rocha Braga.

Em 1995 a Quinta do Caleiro é adquirida por José Manuel Alves Teixeira, que investiu as suas economias na reconversão das vinhas e na recuperação das casas da quinta.

Após o falecimento de Mário Braga em 1999, os filhos iniciaram um processo de racionalização de ativos, para um crescimento sustentado.

Em 2018 vendem as propriedades de Gouvinhas (oito artigos, incluindo a Quinta da Costa de Cima e a Quinta do Sol) aos investidores Rubens Menin e Cristiano Gomes.

Rubens Menin e Cristiano Gomes reúnem à Quinta da Costa de Cima e à Quinta do Sol, a Quinta do Caleiro, com 36 hectares.

“Foi um longo processo de recuperação de vinhas centenárias que estavam abandonadas e com muitas falhas. Estamos a replantar com exatamente as mesmas 54 castas que lá estão, reforçando a sustentabilidade dos nossos terroirs e protegendo a diversidade de castas que refletem a identidade do Douro. Seria muito mais fácil arrancar tudo, mas não é isso que pretendemos. Queremos investir todos os esforços na preservação das vinhas velhas da região”.

Cristiano Gomes
Administrador

História 

Os vestígios da longa história das quintas estão bastante apagados ou desapareceram, como aconteceu com os marcos pombalinos da Quinta da Costa de Cima e da Quinta do Caleiro, da primeira demarcação de vinhos de qualidade, datados de 1758.

Pode descobrir-se, mesmo assim, um ou outro testemunho da história antiga, nomeadamente na capela brasonada da Costa de Cima, da primeira metade do século XVIII, ou nas ruínas da casa, lagares e adega da Quinta do Sol ou, ainda, na estrutura de reservatório de águas do ribeiro do Caleiro, com muros de xisto que conservam sinais da antiga técnica de plantação de videiras em “pilheiros”.

Nos altos da Quinta do Sol ou na parte ribeirinha da Quinta da Costa de Cima, podemos ainda encontrar fragmentos de muros baixos e tortuosos de antigos socalcos de vinhas, transformadas em “mortórios” com a invasão da filoxera na segunda metade do século XIX e cobertas por matas de vegetação espontânea, que recuperou o seu lugar.

Terá sido no final do século XVII que teve origem a Quinta da Costa de Cima, pertença da família Taveira, de Guiães, que se orgulhava de ser «uma das primeiras três famílias nobres que o Senhor Rei D. Dinis mandou da cidade de Lisboa “para esta vila [Vila Real]".

Séc. XVII

Ao longo da década de 1730 Francisco José Taveira de Macedo, cavaleiro da Ordem de Cristo, e a sua mulher, Maria Quitéria da Cunha Pimentel, da aristocrática Casa da Calçada de Provesende, investem na construção das casas da Quinta da Costa de Cima, a cuja capela, de invocação a S. Francisco, vinculam, em Dezembro de 1737, uma das suas vinhas. Terá sido, inclusive, numa destas casas que reuniu a primeira comissão demarcante do Douro.

A Costa de Cima e o Caleiro são incluídas na primeira demarcação do Douro, sendo classificadas como das propriedades que produziam os melhores “vinhos de feitoria” – Vinhos do Porto.

A Quinta do Caleiro é propriedade de João Manuel Pereiro da Silva e Sousa Mourão, um jovem fidalgo, cavaleiro da Casa Real que desempenha funções de sargento-mor na comarca de Vila Real. Por essa altura a Quinta produz, em média, 15 pipas de vinho por ano.

A Quinta da Costa de Cima produz 50 pipas de vinho, 44 de tinto, aprovadas para primeira qualidade de embarque, exportável para a Grã-Bretanha, e 6 de branco. A Quinta do Caleiro produz 37 pipas de vinho, 31 de vinho tinto (aprovadas como de primeira qualidade) e 6 de vinho branco.

A produção média anual da Costa de Cima havia baixado para 6,5 pipas em 1810. Em 1811 José Taveira Pimentel de Carvalho e Menezes assume a gestão e investe em replantios e granjeios regulares. Na década de 1820 a produção aumenta, tendo excedido, em muitos anos, as 60-70 pipas por ano.

Por esta altura é criada a Quinta do Sol, por Tomás Homem de Sousa Quevedo Pizarro, fidalgo cavaleiro da Casa Real.

Foi dotada de casas, lagares e adegas, tendo produzido quantidades crescentes ao longo dos primeiros anos, de 36 em 1821 para 161 em 1825.

A Quinta do Caleiro é herdada por João Manuel Pereira da Silva e Sousa Mourão de Almeida Morais Pessanha, tendo passado por um período de crescimento até à média de 100 pipas por meados do século.

João de Almeida Morais Pessanha desempenhou cargos militares e políticos importantes, sendo comandante de batalhão nacional de Vila Real, presidente da Câmara de Sabrosa e membro da Câmara dos Pares (foi nomeado Par do Reino em 1842).

A partir da década de 1850 as pragas provocaram uma profunda crise no Douro, primeiro o oídio e depois a filoxera.

Falecimento de João de Almeida Morais Pessanha, que deixou a Quinta do Caleiro e outras propriedades a António de Almeida de Morais Pessanha.
Em toda a freguesia de Gouvinhas a vindima rende apenas cerca de 20 pipas. Na Quinta do Sol, as ruínas do velho casarão recordam esses tempos de crise.

A partir desta altura assistiu-se a um esforço titânico de recuperação dos vinhedos durienses, com a plantação de porta-enxertos americanos e a enxertia de castas regionais. 

A Costa de Cima já era uma das quintas com maior produção de vinho da freguesia de Gouvinhas, rendendo 50-100 pipas por ano. Já a Quinta do Sol continua abandonada ou sem produção vinícola significativa.

Neste ano são ambas vendidas a Manuel Pinto Hespanhol, cujos investimentos vitícolas levaram a uma produção anual de cerca de 150 pipas de vinho.

Na década de 1950 a Quinta do Caleiro é hipotecada e mais tarde adquirida por um membro da família Pinto Pizarro, que por residir no Brasil não alterou o estado de abandono da Quinta.

Em 1972 as Quintas da Costa de Cima e Sol são adquiridas por Mário Joaquim da Rocha Braga.

Em 1995 a Quinta do Caleiro é adquirida por José Manuel Alves Teixeira, que investiu as suas economias na reconversão das vinhas e na recuperação das casas da quinta.

Após o falecimento de Mário Braga em 1999, os filhos iniciaram um processo de racionalização de ativos, para um crescimento sustentado.

Em 2018 vendem as propriedades de Gouvinhas (oito artigos, incluindo a Quinta da Costa de Cima e a Quinta do Sol) aos investidores Rubens Menin e Cristiano Gomes.

Rubens Menin e Cristiano Gomes reúnem à Quinta da Costa de Cima e à Quinta do Sol, a Quinta do Caleiro, com 36 hectares.

“Foi um longo processo de recuperação de vinhas centenárias que estavam abandonadas e com muitas falhas. Estamos a replantar com exatamente as mesmas 54 castas que lá estão, reforçando a sustentabilidade dos nossos terroirs e protegendo a diversidade de castas que refletem a identidade do Douro. Seria muito mais fácil arrancar tudo, mas não é isso que pretendemos. Queremos investir todos os esforços na preservação das vinhas velhas da região”.

Cristiano Gomes
Administrador